A primeira amostra do novo trabalho chega com estética de horror, produção internacional e um videoclipe gravado em cemitério real
O rapper cearense Matuê lançou às 21h desta segunda-feira (08) o single “Meu Cemitério”, primeira faixa divulgada do aguardado álbum “Xtranho”, seu terceiro trabalho de estúdio. A música chega acompanhada de um videoclipe ambientado em um cemitério real em São Paulo, abrindo caminho para uma fase mais sombria, densa e provocadora da carreira do artista — uma estética que ele vinha anunciando nas últimas semanas e que agora se materializa em forma sonora e visual.

O início de uma nova era
“Meu Cemitério” funciona como porta de entrada para o universo de “Xtranho”, um álbum que, segundo fontes próximas ao artista, marcará a fase mais ousada em estética e narrativa da trajetória de Matuê. Desde 2020, quando lançou o premiado “Máquina do Tempo”, o rapper consolidou seu nome como um dos maiores expoentes do trap brasileiro. Agora, a proposta é outra: mergulhar em um território mais escuro, introspectivo e experimental.
O single apresenta um clima noturno, com ruídos, vocalizações fantasmagóricas e uma cadência que foge do convencional, tudo guiado por uma composição que aproxima emoção, desconforto e sensações de alerta.
Nos versos, Matuê canta:
“Talvez a luz se esconda / Talvez ela nunca responda / Lobos que ficam na ronda”,
construindo imagens que lembram um cenário de vigília e perseguição — uma metáfora para inimigos, sombras interiores e pressões externas.

Visual de impacto e estética sombria
O videoclipe, gravado em um cemitério de São Paulo, reforça a atmosfera de horror do projeto. Filmado com câmera de luz noturna, o material aposta em ruídos de imagem, cortes rápidos e uma abordagem estética inspirada em elementos de terror psicológico. O que, para muitos, é lugar de medo, surge na obra de Matuê quase como um ambiente de familiaridade — ou, como descreve o release, um verdadeiro “playground”.
O artista aparece usando o mesmo figurino cocriado com a marca Ed Hardy, utilizado em sua apresentação no festival The Town, em setembro. A parceria com a grife — conhecida pela atitude punk e pela relação direta com a cultura das tatuagens — reforça a estética contestadora que Matuê vem apresentando desde então.
O figurino, carregado de símbolos, cores densas e elementos que evocam rebeldia, encaixa-se com perfeição na proposta imagética do novo single. Em “Meu Cemitério”, a moda deixa de ser acabamento e se torna parte fundamental da narrativa.
Produção internacional e peso sonoro
O single traz beats assinados por três nomes internacionais: o holandês Sapjer, o australiano Brvdy e o beatmaker Chronic. A combinação cria uma base sonora que mescla influências do trap contemporâneo com texturas atmosféricas que evocam tensão, incerteza e mistério.
Composição exclusivamente de Matuê, a letra reforça a habilidade do rapper em trabalhar imagens poéticas dentro da narrativa urbana, combinando sentimentos de vigilância, introspecção e alerta constante. O resultado é uma faixa que dialoga com o presente da música urbana global, mas sem perder a assinatura característica que o artista construiu ao longo da última década.
A construção de uma identidade visual própria
Desde o anúncio inicial de “Xtranho”, Matuê tem investido pesado em narrativas visuais, pistas enigmáticas e teasers que apontam para uma nova direção estética. A estratégia cria um clima de expectativa entre fãs e abre espaço para teorias, análises e leituras simbólicas.
Os ruídos, as cores frias, o uso de imagens granuladas e o jogo entre luz e sombra são elementos visuais recorrentes que começam a formar a identidade da era. O lançamento de “Meu Cemitério” funciona como uma peça-chave nesse quebra-cabeça, antecipando a estética que deverá se estender pelos próximos vídeos e pela divulgação completa do álbum.
A importância de Matuê no cenário atual
Desde sua estreia, Matuê ocupa posição de destaque na música urbana brasileira. Seja por sua estética ousada, suas letras introspectivas ou seus clipes altamente produzidos, o rapper tornou-se um dos principais nomes do trap no país. Com números expressivos nas plataformas e presença constante em festivais, ele influencia diretamente a sonoridade e a estética de toda uma geração.
Com “Meu Cemitério”, ele reafirma essa liderança ao propor uma ruptura com o habitual, mergulhando em um território pouco explorado dentro do trap nacional: o terror estético, a metáfora da morte e a imersão nos próprios labirintos emocionais.
O que esperar de “Xtranho”
Embora ainda sem data oficial de lançamento, o álbum deve seguir uma linha mais obscura — tanto em sonoridade quanto em narrativa. O tema do estranho, do deslocamento e da inquietação já se faz presente desde o título, e o single reforça essa atmosfera.
A tendência é que “Xtranho” explore temas como:
- vulnerabilidade
- escuridão interior
- medo e enfrentamento
- conflitos emocionais
- questionamento pessoal
- sensação de perseguição
- ruídos internos e externos
O trabalho pode marcar um ponto de virada na carreira de Matuê, mostrando-o mais maduro, mais experimental e mais disposto a desafiar os limites do trap frente ao público e à crítica.













